
inerte, imóvel, eterno, nada além dele mesmo, esse você distinto do todo ou no todo, não existe, repito, não existe, não importa o quanto você esteja convencido disso, isso não existe, não existe nem uma, nem duas, nem três pessoas, não existem pessoas, não existe pessoa alguma em lugar nenhum, você não é uma pessoa, se relacionando com outras pessoas, só existe você, uma presença absolutamente singular e impessoal, onde nada muda, as coisas que parecem mudar são feitas disso que não muda, dessa presença singular que realmente é você, sem objetivo nenhum, nunca é melhor nem pior, isso é despertar, isso é iluminação é a morte desse eu, diferente, que se distingue dos outros, que é diferente, distinto, desse eu que escreve esse texto, que é diferente, distinto do texto, do computador, da parede, da sala, do cachorro, do ventilador, do verme, do rato, do mosquito, do espaço, das estrelas, das galáxias, do escarro de um mendigo sujo, todo mijado e fedido, que não liga pra suas fezes secas, entre as suas nádegas, que ele não limpa depois de excretar, tornando seu fedor mais intenso, você não é melhor que os piolhos que moram nesse mendigo, você não é e nunca vai ser melhor que os dentes podres que ele tem na boca, prestes a cair, não importa quantos banhos você tome por dia, quantas horas medita, quantas horas ora ou repete mantras, quantos livros leia, filmes assista, discos escute, instrumentos toque, quantas horas você passou na faculdade, quantos títulos tenha conquistado, não importa o quanto você acredite que mereça ser melhor que qualquer coisa, você não é e nunca será, desista, quando você desiste de seguir os preceitos da mente, ou seja, de toda essa cultura de separação, distinção, discriminação, então você descobre algo impressionante, você é tudo, tudo que você tem nojo e tudo que você adora, já, nesse instante, tudo para e há paz, paz real, não a suposta paz que você sente quando fuma um baseado, ou toma um chazinho da Amazônia, joga uma pelada ou "medita" em grupo, e isso é a verdade, a verdadeira felicidade, que você jamais vai encontrar, tentando ser alguém melhor, subir mais alto, é engraçado por que a mente sempre vai projetar um outro alguém ainda mais no alto que você, pra que você continue prisioneiro de uma ilusão, a de que você precisa sempre estar a superar algo, ilusão que você mesmo criou e aprendeu a ver como realidade, quando esse alguém, que nunca existiu, finalmente desaparece, então você compreende quem você é, e só então você pode ser aquilo que você é, de fato, um zé ninguém, para então realmente conhecer e compreender o que é felicidade, amor, liberdade, sem nenhum esforço, sem nenhum mestre.

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